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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Consciência da morte (menção a verve de Augusto dos Anjos)

E eis que simplesmente ela veio
com seu sorriso sonso de megera,
sem perguntar ao menos quem eu era,
e veio sem atalho e sem rodeio.

E devassou o colo, e deu-me o seio,
e ofereceu-me a boca escancarada,
e me tocou, sem pejo, a mão gelada,
e fez-me renegar tudo o que creio.

E eis, que num instante de fraqueza,
meu coração (antiga fortaleza)
parou como num passe de magia.

E minha alma então fugiu do corpo,
mas só fui descobrir que estava morto,
quando não mais senti a poesia.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 02/08/2013
Alterado em 29/03/2021
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