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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Desilusão

Afasta tuas pernas ao meu cortejo;
Guarda o pudor atrás do figimento;
Goza por nós a farsa do momento
nos camarins da arte do desejo.

Troca o teu disfarce por um beijo;
Ama-me como objeto do cenário;
Deixa guardado dentro do armário
os vestígios de mim como sobejo.

Abre pra mim as páginas do diário,
onde escreveste igual dramaturgia.
Lê, com a voz de atriz, a poesia,
onde o amor é um verso imaginário.

Troca o meu beijo, inútil e solitário,
pelos rompantes de lábios ufanos,
pois desbotei batons por tantos anos,
que já não faço mais aniversário.

Mas não esqueça de que nos amamos,
quando a mentira ainda era verdade,
quando a tristeza era a felicidade,
vestida na fantasia que sonhamos.

Quando a desilusão cumpre os seus planos,
o amor reduz-se a menos da metade.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 11/09/2005
Alterado em 15/11/2019
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