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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Augusto dos anjos renegados

Se pudesse fazer ressuscitar
uma palavra em cada dor antiga,
então eu cantaria a cantiga,
que a verve do poeta há de cantar.

Uma cantiga feita para o mar,
porém um mar hostil e diferente:
o imenso mar de lama onde a gente,
aos vermes, vai um dia alimentar.

Pudesse eu cantaria ali, junto
da cova, do coveiro e do defunto
(num recital de abutres na carniça)

a partitura escrita por Augusto,
quando se deu ao sono dos mais justos
pra redimir as chagas da injustiça.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 08/10/2005
Alterado em 24/04/2021
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