No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

O Homo sapiens em tempos de guerra

Do vômito fecal da criação

à fossa sanitária do universo,

o dejeto do Pai compôs um verso,

disfarçado de Eva ou de Adão.

 

Ungido por um tiro de canhão

sob fortes protestos do divino,

carrega um neurônio no intestino

pronto pra desovar sua função

 

de predador da auto existência,

que, em transes sombrias de demência,

afoga seus pecados no perdão.

 

E assim, se diz um homo sapiente,

que come, e dorme, e vive, como gente,

mas que não sabe amar o seu irmão.

 

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O amigo Jota Garcia me deu o privilégio da sua companhia:

O SERVO DE PANDORA
Jota Garcia

 

Eis que Pandora abriu sua caixa,
Com todas as maldades que encerra,
E sem aviso, derramou sobre a Terra.
O bem e a paz entraram em baixa.

 

Chamou alguém que com ela se encaixa,
Quanto a velhos padrões se aferra,
De questionar por pedaços de terra,
Que não mais se encontram em sua faixa.

 

Há fogo já bem perto do estopim.
O mundo todo a prever o fim,
Mas o lunático não se detém. 

 

Talvez uma tendência suicida,
Explique o tão pouco amor à vida
E o desprezo por ela que ele tem.

 

Grato ao amiho Helio pela interação:

MUNDO BOM DE ACABAR
Heliojsilva 

 

Deus chora ao ver a sua criação
Na vil dessemelhança não divina.
Diante do pecado a tez da sina, 
Sorri ao horror da inútil salvação...

 

No mundo, guerra, dor, destruição.
Sob a asa escura e fria da rapina,
Que vem a qualquer hora na surdina,
Cravando suas garras de aversão.

 

Réplicas mal feitas do vão relapso!
Na salada sem sal, tão indigesta
Dentro do copo sujo, fim de festa...

 

Ó velho mundo à beira de um colapso!
És a bola de gude universal,
Onde o homem volta a ser neandertal...

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 03/03/2022
Alterado em 05/03/2022
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