No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Restos (mortais) a pagar

A morte, quando fala, balbucia

Seu cansado e sinistro estribilho,

Enquanto põe o dedo no gatilho

Pra devolver, a Deus, a sua cria.

 

A morte veste a velha fantasia:

Uma sombra sem rosto sob um manto,

Uma foice amolada pelo pranto

De quem foi sem saber se voltaria.

 

Sócia majoritária da saudade,

A morte reduziu, pela metade,

O preço do adeus na despetida.

 

Passado algum tempo, todavia,

Cobra juros de mora, quem diria,

Sobre a taxa de uso da "jazida".

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 01/09/2022
Alterado em 01/09/2022
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