No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

O só e sua sombra

E era um morto-vivo, um vegetal!

Um pobre faz-de-conta da história,

que cedo deu a mão à palmatória

e fez co'a morte um pacto conjugal.

 

Um peso, uma sombra cerebral!

Não via, não falava... só sentia

o frio na garganta, que descia,

como se fosse a laje funeral.

 

Aos vinte e cinco anos dessa vida,

nem mesmo anunciou a despedida,

fechou os olhos, cego... e, calmamente...

 

morreu sem nem ao menos ter vivido,

deixando de herança o gemido

da dor, que cultivou desde semente.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 09/09/2022
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