No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Rascunho
Já não assino mais um só soneto,
Pois o meu velho estro, empobrecido,
Já não sussura a mim no pé d'ouvido,
Nem tenta dar à luz ao que prometo.

Já não consigo achar qualquer sentido
Nos versos que sobejam minha mente.
Parece que meu estro, de repente,
Desvia-se das flechas do cupido.

Já não seguro a pena com destreza
Pra impingir aos versos, a beleza
Que a poesia, ávida, procura.

Já não consigo ler meu coração,
Que parece um rascunho feito à mão,
Em um quadro sem tela e sem moldura.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 19/12/2022
Alterado em 19/12/2022
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras