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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Bolero (dois pra lá, dois pra cá)

Quando tu foste embora do meu mundo,

E o imenso vazio me encheu.

Eu percebi que tu, bem como eu,

Eras um poço turvo e profundo.

 

Eu era o lado oculto de Romeu.

Tu eras Julieta improvisada.

Eu era um estranho na sacada.

Tu eras uma peça de museu.

 

Nós éramos a frente e o avesso;

Um fosso entre o fim e começo;

Um laço entre o farçante e o sincero.

 

Tu eras uma sombra no escuro,

E eu era um poeta sem futuro:

Dois passos discordantes no bolero.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 01/02/2023
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