No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Incondicionalidade

Depois de uma noite de orgia,
o ébrio adormeceu por sobre a mesa.
Dormiu -face colada na despeza-
com ar de quem pagou o que devia.

O copo ainda cheio, a mão vazia;
um toco de cigarro sem fumaça;
um guardanapo, um resto de cachaça;
vestígios de ilusão e poesia.

O bar cerrou as portas. Era dia!
A garçonete cobra-lhe a gorjeta.
E lá se foi o ébrio pra sarjeta
juntar-se à sua nobre companhia:

Um cão, que ao amigo se sujeita
e lambe-lhe os ais que balbucia.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 11/03/2008
Alterado em 26/02/2012
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras