![]() Poema obsidente
Havia um cadeado enferrujado, que não abria nem fechava mais. Fora deixado no portão de trás, que nunca precisou de cadeado. É que o portão um dia foi fechado, e colocado outro em seu lugar. E foi fechado apenas pra deixar a velha chave sem seu cadeado. Havia uma chave enferrujada, que não fechava e nem abria mais o cadeado do portão de trás, no qual a chave nunca fora usada. É que a chave um dia foi guardada, no fosso enferrujado da lembrança. Fora deixada lá na esperança de que jamais ela abriria nada. Havia um portão entre os demais que não servia a nenhum lugar. Fora deixado pra se imaginar que não abria e nem fechava mais. Esse portão se abriu um belo dia ao ver a chave entrar cadeado, que mesmo velho e todo enferrujado fora guardado, só por teimosia, por um chaveiro louco que sabia abrir, mesmo sem chave, esse portão. É que os loucos sempre têm à mão as chaves do portão da poesia. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 29/06/2015
Alterado em 29/06/2015 Copyright © 2015. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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