![]() Desnexo
Um sabiá cantou no meu jardim, e nem jardim eu tinha, francamente. E cantou, e cantou... na minha frente como cantasse apenas para mim. E cantou, e cantou... e, de repente, havia um jardim dentro de casa! Um beija-flor insone bateu asa, carregando, no bico, uma semente. Dia seguinte, o mesmo sabiá pôs-se a cantar um canto diferente. E cantou, e cantou... na minha frente como se já não fosse um sabiá. E o beija-flor voou na minha mente e largou a semente frente a mim. E minha casa enfim era um jardim que não tive e não tenho, francamente. Um outro sabiá, um outro dia, cantou, cantou, cantou... longe de mim. Foi quando eu descobri, até que enfim, a criar sabiás à revelia e, com pena, apenar a poesia, que me fez jardineiro sem jardim. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 26/08/2017
Alterado em 27/08/2017 Copyright © 2017. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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