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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

" Há razões para pensar que a língua é, toda ela, obra de poesia." José Saramago

A língua torta do Parnaso

A língua que se fala no Parnaso
(acaso o Parnaso tenha alguma)
é mais ferina e vil do que supunha
a testemunha viva do ocaso.

A língua que se fala no parnaso
tem prazo limitado de valia.
À noite, dá-se à luz da poesia,
de dia, dá-se à sombra do descaso.

A língua do Parnaso é, toda ela,
um osso (atravessado na goela)
que algum dia fora um esqueleto:

a tíbia, o perônio, o temporal...
ou um osso qualquer que, bem ou mal,
possa somar um verso ao soneto.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 08/02/2021
Alterado em 08/02/2021
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