No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Soneto de humor surreal

Ontem meu coração virou carbono,

No incêndio da minha inspiração,

Como um calo de sangue no carvão,

Que queimou junto as folhas do outono.

 

Ontem ladrei, tal como o cão sem dono

Que comeu a orelha de Van Gogh.

Deletei as mensagens do meu blog

E, de tanto dormir, perdi o sono.

 

Hoje meu coração, carbonizado,

Choraminga em meu peito, qual um fado

De Amália Rodrigues sem Gardel...

 

Amanhã, já de novo coração,

Vou circular na circunvolução,

Como cocô num rolo de papel.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 13/03/2023
Alterado em 02/06/2023
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