No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Soneto surreal IX

Minhas narinas, hoje um chafariz,

Não param de jorrar teimoso muco,

Que me faz enxugar, feito maluco,

A salmoura que desce do nariz.

 

Meu estro de poeta aprendiz

Escorre, com o muco das narinas,

Como fossem discretas bailarinas

Que, a cada novo espirro, pedem bis.

 

Assim segue a COVID-dezenove,

À procura dum verso que comprove

Que a poesia ativa a imunidade.

 

E por acreditar nesta premissa,

Sigo mantendo a pena submissa

Aos meus sessenta e nove de idade.

 

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 21/03/2023
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