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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

O destino o que é senão um embriagado conduzido por um cego? Mia Couto

A sátira do destino

O ébrio, a fazer curva em linha reta,

Não conseguiu chegar ao seu destino.

Guiavam-lhe um cego, um canino,

Um padre, um rabino e um poeta.

 

O canino a farejar sua desgraça.

O padre a fazer frente ao rabino.

O cego, que ficou cego inda menino,

A encher o poeta de cachaça.

 

E vão seguindo enquanto a vida passa...

E vão passando enquanto existe graça...

Em fazer curva sobre a linha reta.

 

Como o destino é dúvida divina,

O cego sai de cena, na surdina,

E deixa deus por conta do poeta.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 04/05/2023
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