A gente só morre uma vez. Mas é para sempre. Millôr Fernandes Millôragem IMorreu com um caroço de feijão, Que resolveu voltar para a garganta, E lá se alojou, depois da janta, E desceu da traqueia pro pulmão.
Dizem, que logo após a Extrema Unção, Tossiu e expeliu o tal caroço, E esticou a veia do pescoço, E vomitou um quilo de feijão.
O padre interrompeu a oração E se escondeu atrás do sacristão, Que se escondeu atrás do coroinha.
Morreu mais uma vez dia seguinte. E dessa vez, com pompa e requinte, O padre dispensou a ladainha. Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 19/07/2024
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