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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Na poça da rua o vira-lata lambe a lua

Millôr Fernandes

Millôragem VI

Segue a Lua crescente, quase cheia,

Com o seu colar brilhante reluzente,

A desfilar no céu, suavemente,

Agora, exatamente às dez e meia,

 

Numa poça de lama em minha frente,

Um cãozinho de rua molha a pata.

Pelo jeito, parece um vira-lata

A procurar,em vão, cachorro quente.

 

Já quase meia noite bate o sono!

Na rua, só, vagueia o cão sem dono,

Como se fosse o dono dessa rua,

 

A farejar em busca de comida.

E por não achar nada, toca a vida…

Põe a língua na lama e lambe a lua!

 

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 22/07/2024
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