No prelo há mais de 50 anos...

O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Pavão Atômico

A calda desenhada em branco e preto,

O bico de grafite apontado,

Uma asa a bater de um só lado,

Os pés uma emenda no soneto.

 

Um olho um farol avariado,

O outro, uma lâmpada queimada,

O voo claudicando para o nada,

O canto um eco triste do passado.

 

Eis, pois, o meu pavão surrealista:

Um aborto de arte, deste artista,

Pintado pelas mãos da poesia.

 

Espero que ele voe pro Parnaso,

E chegue, com mil anos de atraso,

Bem onde "Abaporu" fez moradia.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 20/03/2025
Alterado em 20/03/2025
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