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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

Reconstruido fragmentos : Um brinde ao talento de Raferty


Bento ama Heloisa, que ama Abelardo.
E a vida segue seu caminho indiferente
aos fragmentos do passado no presente
e ao presente ancorado no passado.

Os três, que caminharam lado a lado
a construir seus projetos de vida;
Hoje, tal qual maçãs amanhecidas,
têm o sabor do que não foi provado.

Bento, com seu amor mal disfarçado,
vive dos beijos das suas fantasias.
E, apaixoanado, vai fiando os dias
com a esperança dos desesperados.

Heloisa projeta em Abelardo
todos os sonhos e todo o seu futuro.
Constrói castelos por detrás de muros
onde jamais possam ser alcançados.

Abel, que ama do jeito que é amado
por heloisa nas suas fantasias,
apaixonado, vai fiando os dias
em mares nunca dantes navegados.

Hoje cada um foi pro seu lado:
Bento, um alienado, larga tudo
por uma atriz do cinema mudo
de um filme antigo inda não rodado.

Abel fez-se pra sempre Abelardo.
Um marinheiro de estranhos oceanos,
filosofando com o passar dos anos
a natureza do desnaturado.

Heloisa segue ao encalço do amado
levando amor e ódio à tiracolo
e um sorriso pra esconder o dolo
depois que seu amor for sepultado.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 06/08/2006
Alterado em 07/08/2006
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