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O amor, poeta, é como cana azeda, A toda boca que não prova engana. (Augusto dos Anjos)

Textos

A lei do espelho

O alterego, ao ver-se no espelho,

Enxerga a face oculta de Narciso,

No jeito, nos trejeitos, no sorriso…

Num quadro virtual de tom vermelho.

 

E ouve, como chuva de granizo,

As batidas do próprio coração.

E guarda na retina essa visão,

Como Dante ao chegar no paraíso.

 

No espelho do ego, o alter ego

Tateia na retina, como cego,

Até achar o quadro de Narciso.

 

É quando ele descobre, finalmente,

Que o espelho guarda, pensa e sente,

Fantasmas que lhe habitam o juízo.

 

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 25/07/2023
Alterado em 25/07/2023
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